Verbos e Outras Liberdades: Não é deixar pra trás, é viver

Não é deixar pra trás, é viver

" Vagando pelas páginas páginas da minha nova leitura, o livro "Depois dos Quinze" me fez para para refletir em uma das suas belas crônicas. O que esperamos da vida? Quanto tempo temos para deixar escapar a nossa chance de ser feliz? Pois é, não sabemos. Pensando assim resolvi compartilhar esse lindo texto com vocês. E garanto, muitos de vocês iram se identificar também."




 A gente tem mania de dividir o tempo em passado, presente e futuro. Mas e se, por algum motivo, não fosse mais assim? Se a contagem simplesmente parasse de acontecer? Se o que você lembra e o que você consegue imaginar não estivessem mais tão distantes? Parece loucura? Talvez até seja. Mas é pensando assim que tenho levado os dois últimos meses da minha vida.
 Comecei riscando a palavra "perder" do meu dicionário. Fica mais fácil fazer isso quando finalmente entendemos o real motivo da nossa existência. Sabe, acredito muito que estamos aqui não pela eternidade, e sim pela aventura de sentir coisas diferentes e inexplicáveis todos os dias. Perder faz parte disso. Talvez seja até o momento mais importante. Quando, pra conseguir ir em frente, precisamos respirar e parar de olhar pra trás e pra frente, e olhar pra dentro.
 Comecei a agradecer todos os dias. Não sou tão religiosa, mas acredito que existe alguma coisa maior do que o pouco que conseguimos entender. Então, seja lá o que ou quem for, obrigada por cada lágrima, sorriso e decepção que me trouxeram até aqui. Tenho certeza de que, sem aquelas noites sem dormi e os textos escritos em vão, eu não teria entendido isso tão cedo.
 Dei um tempo de tudo aquilo que me fazia triste. Foram, sei lá, duas semanas de introspecção. Entendo como meu corpo e minha alma reagiram a tantas mudanças. Disseram que eu já não era mais a mesma. E eu só conseguia pensar: de quanto tempo será que eu vou precisar pra entender e aceitar isso? Um mês.
 Abri a porta do meu coração. Foda-se se isso algum tempo depois me faria parecer ( e fez) mais uma garota apaixonada dizendo coisas previsíveis pra alguém. O amor era a chave.
 E então as coisas que vivi, os caras que beijei e as palavras que nem cheguei a ouvir pararam de ficar pra trás. Agora, as lembranças estão comigo cada vez que abro os olhos de manhã. Quando não deixo pra depois e faço questão de dizer ou ouvir. Quando uma boa notícia me faz querer gritar da janela. Quando ligo a televisão pra ouvir a voz de alguém em casa. Quando acordo no meio da tarde pensando nos últimos meses que foram um sonho. Quando durmo falando com alguém no telefone. Quando coloco fotos no mural. Quando beijo alguém e sinto que meu peito vai explodir. Quando, enfim, sou feliz.

- Bruna Vieira ( Depois dos Quinze)




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